A nova campanha da Burberry

Christopher Bailey em um dos eventos de apresentação para a nova coleção da Burberry

Christopher Bailey, diretor criativo da Burberry, gosta de inovar. A campanha de verão da marca trazia um casal diferente a cada mês. Para a coleção de inverno, o diretor escolheu um time completo de modelos.

O diretor contou à Vogue que se inspirou em icônicos retratos britânicos e pelas campanhas da Burberry da década de 60 para criar um conjunto de imagens de atores (como Felicity Jones), músicos (Matthew Whitehouse) e modelos britânicos (Jourdan Dunn e Cara Delevingne).

Esta campanha, marcada por casacos supercoloridos, será o mesmo da de verão. A cada mês, a marca exibirá novos rostos. A coleção só chega às lojas brasileiras em setembro. Confira aqui o vídeo da campanha.

A turma de modelos do mês de julho acaba de sair. Edie Campbell, Milly Simmons e Callum Turner estão na primeira imagem da série, inspirada nos anos 60. O tema do mês é festival. A moda Burberry pede figurino alinhado no melhor estilo britânico, com tons de marrom e cáqui. Confira aqui as imagens.

A história

A marca inglesa foi criada em 1879 por Thomas Burberry. Burberry foi o responsável pelo desenvolvimento da gabardine, tecido impermeável que caiu no gosto da sociedade britânica em 1901, quando desenhou a famosa capa de chuva, adaptada ao estilo militar com a eclosão da Primeira Guerra Mundial. O trenchcoat da Burberry, forrado com tecido xadrez, ganhou as ruas, se atrelando cada vez mais a um conceito de elegância. Famosos e políticos aderiram a moda que fez tanto sucesso.

Seguindo a onda de renovação de suas outras marcas européias, o GUS convidou Rose Marie Bravo (americana, ex-Saks Fifth Avenue) para a direção executiva da marca, em 1997. Desde então, se iniciou o processo de criação de uma nova imagem: uma Burberry fashion.

Em 98 ele desenvolveu uma linha de vestuário chamada Prorsum (do latim, “que vai adiante”). O fotógrafo Mario Testino fez a campanha publicitária, fotografando Kate Moss em preto e branco. O resultado não podia ser melhor. A marca sofreu um boom nas vendas e o aumento de clientes. A faixa etária dos compradores da loja também sofreu alteração, passando a alcançar não só mulheres de 50, mas também de 30 anos. Depois a marca passou a desenvolver uma linha infantil e baby.

Foto: BAMBI 2009 no Flickr

A arte da trincheira

Modelo vestindo um trench coat da Burberry

Em 1967, em pleno “Verão do Amor”, os hippies se embrenharam na “espiral do silêncio”. Pois legitimaram o sistema capitalista que combatiam ao se valerem da linguagem pela qual o mesmo se caracterizava para “sublinhar” a sua causa. E o fizeram ao adotar o slogan: “Faça amor, não faça guerra”. Também atentando contra a ideologia do “socialismo sexualizado” que praticavam ao vetar a liberdade de opinião do guerreiro. Censurando a sua opção pelo combate. Que, em seu íntimo, tem a guerra como uma extensão do amor.

Todavia, toda guerra tem um fim, aos olhos do hipócrita, pouco nobre e, à vista da verdade, muito prático. Dado que ela limpa da humanidade o fraco e prolonga a existência da mesma ao glorificar o forte.

Enaltecendo também a cultura do sucesso.

Como no caso do calor que sempre conforta o soldado em sua trincheira. Numa sensação que remete ao abrigo do útero materno.

O que, dentro da tendência “retrô” que marca o comportamento contemporâneo, é celebrado pela moda outono-inverno de 2011. E simbolizado pelo “Trench Coat” – ou o “Capote para Trincheira”.

Capote que surgiu de uma necessidade do Governo Britânico. Que, em 1914, escolheu a grife Burberry para vestir seus soldados durante o conflito que veio a ser discriminado como “Primeira Guerra Mundial”.

Ademais, em 1856, a Burberry fora fundada por Thomas Burberry. E, para confeccionar o capote, se valeu da visão de seu criador. Que, em 1879, criara a gabardine – uma variação da sarja. A qual, no correr na guerra, ganhou prestígio ao cumprir o seu propósito.

Doravante, a fim de se firmar dentro da proposta saudosista atual, o Shopping Iguatemi de São Paulo veiculou um anúncio com o tal traje na mídia paulistana. Uma propaganda assinada pela agência de publicidade Borghierh/Lowe. Mas que apenas é uma versão “quase nacional” da campanha “Art of the Trench”. Uma campanha da Burberry. E que consiste em mostrar pessoas trajando o capote em diversas localidades do planeta.

Sem mais, essa mídia impressa utilizou o olhar do fotógrafo hispano-brasileiro J. R. Duran. Que não se notabilizou por transformar suas fotos em referências artísticas. Mas por desnudar, nas páginas da Playboy, as vedetes que marcaram suas épocas; como Suzana Alves, no momento em que era a “Tiazinha”, ou Adriana Galisteu, quando era apenas a viúva de Ayrton Senna.

Como protagonista da foto se empregou a modelo curitibana Isabeli Fontana. Que, desde 2008, é a garota-propaganda do Shopping Iguatemi.

Então, em um estúdio, se criou a cena. Ao se acrescentar o prefixo “inter” ao radical “nacional”. Quando se tentou tapear a vista ao, ao fundo, colocar uma colagem com a imagem de edifícios estrangeiros. E, em primeiro plano, sobre uma laje, postar Isabeli apoiada na estrutura enferrujada de um outdoor. Com roupas e acessórios da grife de Londres. Sem os quais seria um convite a entrar na sua trincheira. E “recheando” um capote com cinta de couro. A atestar que todo estilo flui de um charme atemporal.

Foto: sweethardt no Flickr